17 de março de 2011

Cap 7


Ah! O ócio...

É! De primeiro momento também quis dar um tempo pra mim, mas essa falta do que fazer esta me angustiando. Quanto mais eu descanso mais preguiça me aparece. To me sentindo morta me falta vida! Alguém me reanime ai, por favor!

Eu não estou parada por completo, to fazendo um cursinho. Minha meta atual é passar em um concurso. Não qualquer um, escolhi três entre os que estarão disponíveis: BB, DETRAN e INSS. Estou muitíssimo preparada para a possibilidade de não passar em nenhum, mas só depois desse fato confirmado é que buscarei um novo emprego. Bom, isso pode demorar, mas pretendo resistir o quanto puder. Tenho que estudar!

A finalidade de passar em um concurso publica não é apenas a estabilidade financeira, mas ter a possibilidade de escolher uma faculdade que me deixe feliz. Talvez eu nem encontre. Dia desses minha mãe resmungou: “será que vou morrer sem ver minhas filhas formadas?” meditei a respeito e ainda não vi o extremo valor que isso tem. Sei que é vontade dela porque ela não estudou, mas um diploma não me vale tanto, não em comparação com outras coisas que a vida oferece.

Meu cunhado é uma pessoa que cresceu muito profissionalmente sem um curso superior. Se ao menos eu amasse de paixão alguma profissão, mas não amo. Lembrei de uma conversa que tive há alguns meses: um adolescente de 17 anos me dizia que estava feliz por ter feito dois vestibulares, lembro que um era pra engenharia de produção e ele demonstrou estar bem realizado com isso e certo de mudar de cidade para seguir carreira. Adoraria ser como ele, mas não sou. Então o que é que eu faço com o que eu tenho?


“A gênese de nossas angustias esta nas possibilidades.”
( Sartre )
Eliene

Parar também é continuar?

Nossas vidas geralmente são feitas de oscilações, nunca estamos estagnados, um dia é alto outro é baixo, um dia é calmaria outro agitação.
Houve fases em minha vida que tudo que quis foi algo o que fazer, hoje tenho tantas coisas que simplesmente não queria fazer nada. Dizem que somos seres insatisfeitos, mais na verdade satisfação tem haver com bem estar e é claro que se sua vida está parada você irá procurar uma maneira de agitá-la a não ser que paralisia te agrade.
Esse período da faculdade está sendo sem dúvidas o mais puxado de todos, estou estudando em um semestre o que não estudei em quatro anos, a toda hora é trabalhos, projetos, apresentações, provas, etc. É terminando um já pensando no outro. E a tendência é piorar já que em breve entrará pelo meio estagio e monografia.
Quero férias, quero não, preciso, meu corpo precisa, minha mente precisa, senão qualquer dia desses entro em colapso. Mas as vezes as férias parecem tão distantes que se tornam um sonho de consumo, um luxo.
Tenho tido problemas com duas disciplinas, tanto pelo grau de complexidade, como por acabar sacrificando-as em função de ter mais tempo para dedicar as outras e assim corro o risco de repeti-las. Mais sinceramente não estou preocupada.
Já sei que terei pouco tempo de férias, na verdade será mais um recesso, mais se pudesse aproveitaria cada dia pra ficar deitada vendo o dia nascer e se por, sei que logo ficaria entendia mais uma viagem quem sabe quebraria o tédio. Mas nem posso ir tão longe, afinal o serviço continua de vento em polpa e férias de lá é que tá longe mesmo.
Gostaria de fazer um concurso mais estou tendo tempo mal para a universidade, e fazer algo que você não sabe sem conhecer (estudar) antes não dá, minhas aulas de violão que diga... ultimamente ele tá ficando de canto.
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Pai e Mãe é bicho engraçado, eles sempre querem pra gente o que não puderam ter, ou fazer... se não nos impõe diretamente tentam fazer isso com comentários que nos deixam pensativos e em alguns casos sentindo-nos  culpados.

Até que depois que ingressei na faculdade a mãe amenizou nas cobranças sobre meus estudos, mais como minha formatura está demorando ela tem cobrado isso: “Tu não te forma nunca não Ednamar?” ou “Todo mundo se forma menos a Ednamar!”. As vezes eu também tenho essa impressão, e cobro a minha mesma sobre isso, deixei meu curso correr por anos sem controle, agora que resolvi assumir as rédeas sinto que o fim está mais próximo, já consigo pensar na monografia e isso é um bom sinal.
Sempre brinco dizendo que meu diploma terá peso de ouro, não só pela demora ou pelo trabalho que me deu, mais pela forma que pretendo fazer valer o que aprendi. Um canudo é só uma ilustração, um diploma é só um pedaço de papel, se você não se forma no que gosta ou não vivencia o que escolheu ele não terá nenhum tipo de valor, nem mesmo emocional. Meu canudo quero carregar comigo dia-a-dia nos desafios pela vida a fora, e não pense que me refiro ao pedaço de papel me refiro ao que me fez chegar até ele, aprendizados, erros, ensinamentos que me farão ser de fato uma PEDAGOGA.
Não pense que essa convicção nasceu comigo, tudo isso é um processo que vai sendo construído ao poucos, diante da realidade que já tenho ou das outras que vou adquirindo pelo meio do caminho. Ninguém é igual a ninguém, por mais que agente queria ser. Cada um é cada um, nossas experiências também são únicas, individuais, aprendemos a lidar com as dificuldades nas labutas da vida, só aprendemos a levantar depois que caímos, e nem sempre é assim de uma hora pra outra, tudo é um processo que vai sendo construído gradativamente que requer tempo e paciência.
Uma vez que a lagarta entra no casulo ela decidiu virá borboleta, e aceitar as transformações que acontecem é uma das etapas. Tudo é questão de primeiro passo, no começo tudo parece a mesma coisa, monótono, complicado, escuro, embaçado, mais longo nosso olhar se abre para horizontes distantes. O segredo é acreditar em si! Eu acredito? Você também acredita?

"Quando tudo nos parece dar errado, acontecem coisas boas que não teriam acontecido se tudo tivesse dado certo..."
(Renato Russo)

Ednamar